Ocultas em salas de templos budistas e museus em todo Japão estão uma série de múmias monstro – vestígios preservados de demônios, sereias, kappa, Tengu, raijū, e até mesmo monges humanos. Aqui estão algumas espécimes notáveis para aventureiros e corajosos de coração.
Pode parecer estranho que templos budistas no Japão tenham espalhado dentro deles demônios mumificados, mas é preferível mantê-los sob o olhar atento de um sacerdote, em vez de deixá-los perambular pelas ruas!
O templo de Zengyoji na cidade de Kanazawa (prefeitura de Ishikawa), é o lar da cabeça mumificada de um demônio de três faces. Diz a lenda que um sacerdote residente descobriu a múmia armazenada em uma câmara de um templo do século 18. Imagine sua surpresa.
Cabeça mumificada de um demônio de três faces no templo de Zengyoji. Ninguém sabe de onde a cabeça do demônio veio, nem como ou porque ele acabou armazenado. (Fotos) |
Outro misterioso demônio mumificado pode ser encontrada em Daijoin, templo na cidade de Usa (Oita prefeitura).
Dizem que a múmia foi um tesouro, relíquia de uma nobre família. Mas, depois de sofrer algum tipo de infortúnio, a família foi forçada a se livrar dela.
O demônio mumificado mudou várias vezes de proprietário antes de acabar nas mãos do pároco do templo Daijoin em 1925. Após o pároco ficar extremamente doente, a múmia foi suspeita de ser amaldiçoada.
Múmia de Daijoin |
Uma múmia muito menor - dizem ser de um bebê demônio – foi posse do templo Rakanji em Yabakei (prefeitura de Oita).
Infelizmente, a múmia foi destruída em um incêndio em 1943.
Múmia de Bebê demônio no templo Rakanji |
No período Edo, no Japão - particularmente nos séculos 18 e 19 – múmias de sereias foram uma visão comum em pequenas apresentações de carnavais populares chamados “misemono”. Ao longo do tempo, a prática da mumificação de sereia tornou-se uma forma de arte. Pescadores aperfeiçoaram técnicas para costurar a cabeça e a parte superior do corpo de macacos aos corpos de peixes.
A foto da múmia abaixo é um exemplo primordial de uma sereia de carnaval. Parece ser constituída de peixe e partes de um outro animal, juntadas com corda e papel.
Múmia de sereia no Museu Nacional de Etnologia, em Leiden |
Outra velha sereia mumificada exposta em um museu de Tóquio há vários anos, parece pertencer ao fundador do Museu Agrícola Harano.
Misteriosa múmia de sereia |
(Veja aqui mais múmias de sereias)
Múmias de Kappa
Assim como as sereias mumificadas, muitas múmias de kappa podem ter sido elaboradas por artistas do período Edo usando partes de animais como macacos, corujas e raias.
Múmia de Kappa no Museu Nacional de Etnologia, Leiden (Holanda) |
Outro kappa mumificado pode ser encontrado no templo Zuiryuji, em Osaka.
Múmia de Kappa no templo de Zuiryuji, Osaka. (Foto) |
Outra notável múmia de kappa pode ser vista em um lugar aparentemente improvável - em uma cervejaria na cidade de Imari (prefeitura de Saga).
Múmia de Kappa em Cervejaria de Matsuura |
De acordo com uma companhia de folhetos, o kappa mumificado foi descoberto no interior de uma caixa de madeira encontrada por carpinteiros, estava escondida no teto. Eles a encontraram enquanto estavam substituindo o telhado de mais de 50 anos.
Vendo que a criatura era uma antiga curiosidade que seus antepassados tinham transmitido por gerações, os proprietários da empresa construíram um pequeno altar e consagraram o kappa mumificado como um “deus rio”.
(Leia mais sobre o Kappa)
Múmias Raijū
Com uma limitada compreensão científica do céu, a pessoa comum do período Edo no Japão olhou para cima com grande reverência e mistério. Acreditava-se que criaturas sobrenaturais chamadas raiju - "Besta Trovão" - habitavam nuvens de chuva e ocasionalmente caiam na terra durante relâmpagos.
Os detalhes sobre a aparência do raiju variam. Alguns documentos do período Edo alegam que o raiju é semelhante a um esquilo, gato ou doninha, enquanto outros descrevem-no como tendo um formato mais como um caranguejo ou cavalo marinho.
Raijū representado na Kanda-Jihitsu (por volta de 1800) |
Raijū visto em Tottori, 1791 |
Um documento ilustrado fala de um raiju que caiu do céu durante uma violenta tempestade na noite de 15 de junho de 1796 em Higo-kuni (Prefeitura de Kumamoto nos dias de hoje).
Ilustração de raijū encontrado em 15 de junho de 1796 |
Outro famoso encontro com a criatura ocorreu em Tsukiji, no período Edo, em 17 de agosto de 1823. Duas versões do incidente ofereceram diferentes descrições da besta.
Encontro com o Raijū, 17 de agosto de 1823 - Versão 1 |
Em um outro relato, o raiju tem uma aparência mais arredondada e carece da ponta do chifre.
Encontro com o Raijū, 17 de agosto de 1823 - Versão 2 |
Dada a freqüência de avistamentos de raiju, não deve ser mais nenhuma surpresa que algumas dessas múmias tenham aparecido.
Na década de 1960, o templo de Yuzanji na prefeitura de Iwate, recebeu uma múmia de raiju como presente de um pároco. A origem da múmia, bem como a forma como o pároco a obteve, é um mistério.
Múmia de Raijū no templo Yūzanji |
Uma múmia de raijū semelhante está em exposição no templo de Saishōji, em Niigata.
Múmia de raijū no templo de Saishōji (Foto) |
Outra lendária criatura sobrenatural do céu é o Tengu, um perigoso demônio muitas vezes representado na arte como sendo parte humana e parte pássaro. O Museu Hachinohe (em Aomori) no Norte do Japão, é o lar de um Tengu mumificado, dizem que já pertenceu a Nobuyori Nambu, um líder do clã Nambu que governou o domínio Hachinohe em meados do século 18.
Múmia de Tengu no Museu Hachinohe |
Monges auto-mumificados
Poucos templos budistas no norte do Japão são lar de "múmias viventes" conhecidas como sokushinbutsu. Os corpos preservados são supostamente daqueles monges ascencionados que se mumificaram de boa vontade na busca do nirvana.
Shinnyokai-Shonin - “múmia viva" no Templo de Dainichibo (Yamagata) |
Etapa 1: Por 1.000 dias os monges se alimentavam com uma dieta especial composta de nozes e sementes, e se envolviam em um rigoroso treinamento físico para livrar o corpo de gordura.
Tetsumonkai-Shonin - "múmia viva" no templo Churenji (Yamagata) |
Arisada Hoin, 300 anos - "múmia viva" no templo Kanshūji (Fukushima) |
Infelizmente, a maioria dos que tentaram auto-mumificação não tiveram sucesso, mas os poucos que o tiveram alcançaram o status de Buda e foram consagrados em templos. Tanto que cerca de duas dúzias dessas múmias vivas estão sob os cuidados de templos no norte de Honshu.
O governo japonês baniu a prática da auto-mumificação no final do século 19.
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**Matéria traduzida do original Monster mummies of Japan (www.pinktentacle.com) por Ana Paula Lazarini Fornazari.
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Esta matéria também está em Sobrenatural.Org
Bizarro, mas não deixa de ser história...
ResponderExcluirAtt.,
Luks
Caramba, quanta coisa curiosa!
ResponderExcluirEu não consigo parar de ler... comecei no site Assombrado e já estou aqui abrindo e fechando páginas de tanta coisa bacana de ser lida.
Obrigado por compartilhar esses materiais! ;)